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Cidade da Praia, 31 mai (Lusa) – A perda de habitat, nomeadamente de praias para nidificação, é um dos constrangimentos identificados, sobretudo na ilha da Boavista, para as tartarugas marinhas que, em Cabo Verde, têm um dos principais pontos de desova. A conclusão é da Taola, a Rede Nacional de Protecção das Tartarugas Marinhas de Cabo Verde, que apresentou hoje as recomendações na terceira reunião anual, que decorre até quarta-feira na Cidade da Praia.

Em declarações aos jornalistas, a bióloga Mara Abu-Raya, investigadora e docente do Departamento de Engenharias e Ciências do Mar da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV) e coordenadora da organização da reunião, os constrangimentos devem-se às ameaças naturais, à dinâmica normal das zonas, como pela questão da construção na orla costeira e da iluminação, sendo as ilhas turísticas, como Sal e Boavista, onde mais se identifica a perda de habitat. “A ilha da Boavista é uma preocupação, porque é onde temos cerca de 90 por cento da nossa população nidificante. Cabo Verde tem a terceira maior população de tartarugas marinhas a nível do Atlântico”, explicou a bióloga.

Mara Abu-Raya acredita que o problema poderá ser facilmente mitigado, com a diminuição da iluminação nas praias, mudando o tipo e a posição da luz. “A captura, que antes era a nossa maior ameaça, já diminuiu muito. Já houve várias campanhas de sensibilização, porque os projetos trabalham principalmente com comunidades locais, que têm ajudado”, referiu, exemplificando que quem dirige o projeto na ilha de Santo Antão é a própria comunidade da Cruzinha.

A Brava é a única ilha habitada que ainda não está contemplada neste projeto de preservação de tartarugas marinhas, havendo pólos nas restantes oito — Fogo, Santiago, Maio, Boavista, Sal, São Nicolau, São Vicente e Santo Antão.

Presente na reunião, o secretário de Estado dos Recursos Marinhos cabo-verdiano, Adalberto Vieira, deu conta dos projetos em curso no domínio da prevenção, destinados sobretudo a estudar as causas subjacentes à captura das tartarugas marinhas.

Um deles, disse, prende-se com a criação das condições para que as pessoas não tenham, por razões económicas, a necessidade de proceder à captura das tartarugas. “Temos também em curso projetos no campo da fiscalização e mormente no campo da repressão, onde pretendemos melhorar a aplicação prática das medidas repressivas, demonstrando às pessoas que eventualmente persistam na captura das tartarugas marinhas que o crime não compensa”, acrescentou o governante.

Adalberto Vieira sublinhou que as campanhas de sensibilização estão a dar resultados porque as pessoas estão a consciencializarem-se que, de facto, não compensa a captura da tartaruga marinha, um património natural do arquipélago, com elevado potencial turístico e não só.

“Daí, a necessidade da sua preservação”, frisou, considerando que a rede Taola constitui um “exemplo pragmático” do que é que se pode fazer a nível das entidades oficiais no que toca à preservação das tartarugas, em colaboração com as privadas.

JSD.

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